Enquadramento
O porquê da expressão soft?
Porque se quer simples, fácil, cómoda, limpa, acessível, próxima e com pouca necessidade de gastos (para além do investimento inicial), realizada com sucesso por todos e para todos (dos 4 aos 104 anos). Porque se pretende que seja tudo isso durante os 365 dias do ano.
Qual é o conceito do Soft Farming?
Fazer agricultura de modo simples, acessível, produtivo, limpo e de proximidade.
Permitir que todos possam ser um Soft Farmer, que todos possam disfrutar do prazer da colheita de forma fácil e acessível, permitir que todos possam disfrutar do prazer de efetuar a colheita no pico da maturidade e de sabor, com a segurança de saber o que foi, ou não, usado durante a produção (nenhum pesticida ou herbicida utilizado ou, se for utilizado, saber qual, quando e como).
Trazer a quinta para a sua casa, fazer das plantas uma companhia, poder disfrutar do prazer de semear, ver crescer e colher sem as inúmeras, constantes, incómodas (por vezes penosas) tarefas da agricultura convencional.
Economia e Bem Estar
Pode uma Soft Farming ser produtiva?
Uma Soft Farming pode ser produtiva. “Soft” não significa baixa produtividade. Pelo contrário, para uma quantidade significativa de plantas, boas plataformas de cultivo oferecem melhores condições de produtividade do que a agricultura convencional.
Com Soft Farming pode mesmo ser alcançada maior produtividade do que com a agricultura convencional, tudo depende da forma como a produtividade é medida e quão intensivamente é efetuada. O aumento de produtividade pode ser verificado quando consideradas as seguintes medidas:
+ produção por unidade de água de rega;
+ produção por unidade de trabalho;
+ produção por metro quadrado de terra arável utilizada;
+ produção por unidade de pesticida;
+ produção por unidade de adubo;
+ produção por unidade de energia fóssil utilizada na produção.
A produtividade pode também ser medida de forma indireta. Apesar de menos utilizada, não deixa de ser relevante, como são exemplos as seguintes medidas:
+ quantidade colhida por quantidade produzida;
+ quantidade efetivamente consumida por quantidade colhida, ou seja, daquilo que é produzido – qual a percentagem que é de facto consumida.
Outro indicador indireto pode ser a quantidade de produção e a quantidade de poluição gerada (seja pelo uso de poluentes para a biosfera, seja pela produção de lixo inorgânico resultante do embalamento).
Qual a vantagem de produzir em casa?
São inúmeras as vantagens da produção perto de casa, destaca-mos as seguintes:
+ a segurança da proximidade e a conveniência,
+ a possibilidade de colher no momento indicado para si (plantas baby ou plantas no auge da maturação, a escolha é sua),
+ a frescura de uma colheita direta para o prato, sem qualquer perda de sabor ou de propriedades,
+ a vantagem de saber o que se adicionou, ou não se adicionou, para obter a produção, os momentos de evasão e de lazer proporcionados pela atividade de Soft Farming.
Uma Soft Farming caseira é uma combinação perfeita entre o útil e o agradável, pela produção alcançada e pelo escape que proporciona uma visita diária a sua Soft Farming.
Numa casa, os caminhos do jardim, da horta e do pomar nunca são esquecidos devido ao prazer proporcionado pela energia verde e pela colheita.
Qual a importância do Soft Farming?
É muito difícil sugerir uma fórmula para medir a importância do Soft Farming, mas pode-se afirmar que:
+ a sua importância cresce com a distancia entre o local de produção e o local de consumo,
+ a sua importância cresce com a diferença entre o esforço para produzir de modo convencional e o esforço para produzir em plataformas de cultivo,
+ a importância é tanto maior quanto maior for o valor atribuído por cada individuo à qualidade organolética do que consome – ou seja, à possibilidade de se colher no momento em que os alimentos estão no auge da sua maturação, qualidade e sabor.
+ a sua importância cresce com o valor atribuído ao prazer de cultivar e de colher, sem o inconveniente das árduas tarefas da agricultura convencional.
O Soft Farming pode ser importante para as crianças?
Acreditamos fortemente que sim.
As crianças estão naturalmente e instintivamente ligadas com as plantas. Uma Soft Farming pode se um local de aprendizagem, um local de convívio e um elo de ligação entre gerações.
Uma Soft Farming poderá proporcionar várias vantagens às crianças: um maior sentido de responsabilidade, a aprendizagem de associações causa/efeito, a aprendizagem da aparência e das necessidades de alimentos saudáveis, a identificação de sementes, plantas e frutos, uma ligação agradável com o real meio envolvente, entre outras.
Implementação
Que tipos de alimentos podem ser obtidos num sistema Soft Farming?
Todas as plantas de pequeno porte, muitas das plantas de médio porte adaptáveis a espaços confinados, tais como:
+ uma ampla variedade de legumes, como espinafre, alface, agrião, acelga, rúcula, ...
+ "Frutos da horta", tais como como beringelas, courgettes, pimentos, pepinos, pimentões, tomates ...;
+ leguminosas como feijões, lentilhas, ervilhas, grão de bico, soja ...,
+ bolbos e tubérculos, como cebola, beterraba, rabanete, cenoura, batata doce, ...
+ arbustos e pequenas árvores de fruto, tais como framboesas, mirtilos, amoras, limão, clementina, entre outros,
+ ervas aromáticas e medicinais, salsa, coentro, manjericão, hortelã, hortelã-pimenta, camomila, ...
+ flores comestíveis, como rosas, violetas, fúcsia, flor de abóboras, chagas, ...
Onde ser um Soft Farmer?
Em casa, na varanda, no terraço, no pátio, no quintal, no jardim ao ar livre e/ou numa estufa… e porque não dentro de casa? Quanto mais acessível e à mão, melhor. O objetivo é ter um Soft Farming a cada porta.
É fácil ser um Soft Farmer?
Sim, é muito fácil ser um Soft Farmer com sucesso. Para o efeito, é necessário um pouco de espaço disponível, ter algumas noções básicas sobre plantas e uma plataforma de cultivo que permita o controlo dos fatores de produção, como irrigação, substrato, fertilizantes e, em espaços fechados, temperatura, humidade e luminosidade.
A suavidade da sua Soft Farming vai depender da plataforma escolhida para o cultivo, mas a tecnologia atualmente existente já lhe permite ser um agricultor de forma muito simples e suave, quer utilize plataformas elevadas, quer plataformas verticais para o efeito.
Com este tipo de plataformas de cultivo, até mesmo quem tenha condições de mobilidade reduzida pode aceder às mesmas, uma vez que é possível construir uma Soft Farming de modo a permitir o acesso a pessoas em cadeiras de rodas, que assim podem beneficiar do prazer de cultivar os seus próprios vegetais.
Sustentabilidade
O Soft Farming é sustentável?
Sim, é sustentável. Ser capaz de produzir os próprios alimentos localmente é sustentável e seguro, já que poderá atenuar os efeitos de eventuais dificuldades económicas ou políticas que restrinjam a livre circulação de bens e ainda de acidentes provocados por catástrofes naturais.
Sof Farming, produção individual de alimentos em espaço urbano, pode ainda contribuir para a sustentabilidade global já que permite:
+ tornar as cidades mais verdes e consequentemente mais capazes de reter CO2, tirando partido das áreas urbanas disponíveis para o cultivo de plantas.
+ gestão eficiente da água necessária à produção, com claras economias em relação a agricultura convencional. A agricultura em espaços confinados permite uma melhor precisão da irrigação e, simultaneamente, a redução de perdas resultantes da evaporação ou de capilaridade. A eficiência neste tipo de sistemas pode ser superior a 90% (quantidade de água aproveitada pela planta em relação ao total de água utilizada);
+ evitar a instalação de barreiras ou a colocação de armadilhas para animais, como coelhos, javalis, veados, melros, etc., nas áreas rurais onde estes animais ainda sobrevivem em estado selvagem;
+ redução do desperdício, já que diversas plantas (como alfaces, rúcula, acelga, agrião, espinafres, etc.) permitem várias colheitas antes da floração, algo que só é viável se a produção se encontrar bastante próxima do local do consumo. A proximidade permite reduzir o desperdício;
+ redução do de lixo resultante de menor necessidade de embalamento, pois com o Soft Farming os produtos são colhidos à medida que forem sendo consumidos, não necessitando de qualquer embalamento;
+ maior densidade de plantação, com evidentes vantagens na otimização do espaço – uma vez que, em plataformas de cultivo de fácil acesso, os trabalhos de manutenção resultam mais simples, permitindo aumentar a densidade;
+ o controlo e redução da utilização de pesticidas, mitigando a contaminação dos solos e, consequentemente, a contaminação das águas pluviais. Redução de pesticidas, uma vez que a diversidade de culturas e a reduzida dimensão das Soft Farming permite uma menor incidência de pragas;
+ redução a praticamente zero do uso de herbicidas, uma vez que a maior densidade de cultivo, a grande facilidade nas tarefas de mondar e a utilização de plataformas confinadas praticamente anula a existência das ervas daninhas;
+ aumentar a diversidade genética. Havendo uma maior quantidade de agricultores, existirá certamente uma maior diversificação nas sementes e culturas selecionadas, aumentando desta forma a resistência em relação a pragas e efeitos climatéricos adversos;
+ a diversificação do risco de uma eventual escassez de alimentos por razões politicas, económicas ou de catástrofes naturais;
+ alívio da pressão para que áreas naturais, de floresta ou de preservação da vida selvagem sejam reduzidas para dar lugar a zonas de cultivo intensivo de alimento;
+ redução da utilização de adubos, quer devido a uma maior taxa de aproveitamento do adubo pelas plantas, quer por ser mais simples adicionar composto orgânico (totalmente compósito);
+ utilização dos recursos disponíveis nas cidades para a produção de alimentos (recursos humanos, desperdícios orgânicos para produção de composto, águas pluviais recolhidas nos telhados, energia, áreas pavimentadas abandonadas e/ou não aproveitadas, proximidade, etc.);
+ redução dos custos energéticos e da poluição associada ao transporte dos produtos hortícolas, desde o local onde são produzidos até ao local onde são consumidos;
+ o uso de plataformas de cultivo com um longo ciclo de vida e a tecnologia adequada para o cultivo permite a sua utilização por vários anos, incluindo a reutilização do substrato sem a necessidade de frequentes substituições do mesmo.
Pode justificar-se o Soft farming onde há espaço para agricultura convencional?
Pode ser totalmente justificado por muitas e variadas razões. A expressão “Soft” significa que é simples e suave, mas isso não significa que é improdutivo, muito pelo contrário, há muitas espécies/culturas onde a produção por metro quadrado alcançada em plataformas de cultivo pode ser superior à que seria obtida, para as mesmas culturas, no cultivo no solo.
Se uma plataforma de cultivo poder ser utilizada num espaço urbano já existente com índices de produtividade similares, ou superiores, aos obtidos em cultivos no solo, então será possível fazer um uso mais exclusivo do solo: para o cultivo de árvores e bosques, para promover a existência de ecossistemas selvagens, para criação de parques e zonas verdes de lazer, para promover a conservação de espaços naturais "intocados".
Justifica-se sempre que à Soft Farming estiver associado simplicidade e facilidade, e como tal, proporcionando ao Soft Farmer um grande prazer em produzir.